A importância da família na produção de Saúde
- enfermagememumminuto
- 17 de jul. de 2015
- 5 min de leitura

É redundante dizer que a família sempre foi e ainda é a principal produtora de saúde. Contudo, por muitas décadas o Estado, de forma verticalizada desenvolveu suas ações em saúde a fim de protegê-la, colocando-a como sujeito passivo de sua ação e ignorando seu poder de participação ativa. No Brasil atualmente, com a introdução de novas políticas públicas, quer no campo social como no campo da saúde, e sua crescente consolidação nas últimas décadas, tem se caminhado no sentido de tentar fortalecer a instituição mais básica da sociedade, no caso a família, pois se acredita que, quanto mais protegida a família estiver, mais protegido estará o cidadão e menor o número de demandas sociais ficarão sem solução, pois nem sempre o Estado pode ou é capaz de prover todas as soluções. Parte-se do princípio de que é dentro do contexto familiar que se constituem o indivíduo e o cidadão, por meio das ações cotidianas do cuidar, prover, proteger, transmitir valores e normas. A família contemporânea é um processo em constante modificação, inacabado, fazendo parte das experiências de cada indivíduo, onde nós como profissionais de saúde e com nossas próprias experiências de família, atribuímos valores e interpretações. Rodrigues (2010), afirma neste sentido, qualquer esforço em construir abordagens profissionais que tenham a família como foco e contexto do cuidado de saúde implica, por um lado, desconstruir visões cristalizadas decorrentes da formação de caráter eminentemente biológico da maioria das profissões da área da saúde e por outro lado em desvincular concepções pessoais e ideológicas de família, permeadas por crenças e mitos, sem o devido embasamento teórico. Portanto, deveríamos romper com o modelo mecanicista do olhar para o indivíduo e para sua constituição biológica, de corpo constituído por partes e sistemas, da doença que agride este corpo, clarificando a possibilidade do cuidado do ser humano como um todo. Ou seja: Resgatar o olhar sobre os indivíduos, suas famílias e seus contextos de vida, identificando como as famílias existem, quem são, como são compostas, como funcionam, que papéis desempenham, quais são as forças que os grupos familiares constituíram ao longo da sua trajetória para co-construir o cuidado às famílias, reconhecendo-as, respeitando sua autonomia e favorecendo a resolução dos seus problemas. (RODRIGUES, 2010). Para que possamos modificar pensamentos e comportamentos biologicistas que compõem nossas práticas de saber, devemos romper com o tecnicismo que impera em nossas áreas de saúde. Para isso, a Teoria Geral dos Sistemas teria um importante papel na instrumentalização de novos modos de produção e de ação. Essa teoria foi proposta por Von Bertallany na década de 30, postulando que em todas as manifestações da natureza pressupõe-se um conjunto integrado a partir de suas interações, onde o todo tem propriedades que não se encontram nas suas partes isoladas (RODRIGUES, 2010). Cabe aos profissionais de saúde novos modos de ação, não apenas baseado na recuperação clínica de processos patológicos como observado até a década de 80, mas no contexto global que os provém, e assim, estimular para que as famílias reajam dentro de suas próprias possibilidades. Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado http://www.portaleducacao.com.br/enfermagem/artigos/44550/a-importancia-da-familia-na-producao-de-saude#!1#ixzz3gB8eGjjF
Inúmeros conceitos do pensamento sistêmico são aplicados aos sistemas familiares, contribuindo para uma maior aproximação dos funcionamentos da família, como nos aponta Cerveny & Berthoud (2002). • Um sistema familiar é composto de muitos subsistemas, assim como também faz parte de um sistema mais amplo; • A família é um sistema ativo em constante transformação; • A mudança em um de seus membros afeta todos os demais; • Os sistemas familiares têm capacidade de se autorregular; • Nem sempre toda a comunicação dentro da família é verbal; • A mudança depende da percepção do problema, depende do contexto, dos objetivos codesenvolvidos; • Facilitar a mudança é papel dos profissionais envolvidos; • Por fim, todo trabalho com famílias é colaborativo, é processual e deve se dar por aproximações sucessivas (por pequenas modificações realizadas de modo contínuo). Mesmo na contemporaneidade, com o imenso contingente de famílias pobres ou com poucos recursos financeiros, a família é vista como a instituição que deve e que cuida de seus membros (CERVENY & BERTHOUD, 2010) e sua importância cresce entre as pessoas mais frágeis e em situação de risco. É da família que surgem as mobilizações internas no indivíduo que garantem as atitudes diante das adversidades e para a resolução de problemas que possam ocorrer durante o ciclo de vida. Assim, recordando a primeira unidade, é na primeira infância que somos introduzidos nas primeiras experiências do cuidado, inicialmente pela garantia de sermos cuidados em todos os sentidos, sejam eles físicos, psíquicos ou emocionais. Aprendemos a nos tornarmos humanos pela imitação dos pares que se encontram ao nosso redor. Na primeira infância somos compelidos a aprender o que é que nos torna humanos, onde o cuidar é um dessas características. Inúmeros comportamentos são introduzidos, fiscalizados e adotados, para que não tenhamos doenças, tendo uma vida saudável, tais como o ato de lavar as mãos (preconizado como a principal ação para a redução de até 70% de todas as doenças) ou a higiene oral após as refeições. Na escola e com os professores nos deparamos com o mundo da ciência e aprendemos como é a ciência da vida, aprendemos sobre vermes e perdemos velhos hábitos de andar descalço, de colocar objetos na boca, aprendemos que os alimentos devem ser lavados antes de serem consumidos, que algumas doenças são contagiosas e que outras não, que devemos praticar esportes e termos uma vida social, pois saúde não é apenas saúde física, mas também psicossocial. Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado http://www.portaleducacao.com.br/enfermagem/artigos/44550/a-importancia-da-familia-na-producao-de-saude#!2#ixzz3gB8i0zYg
A adolescência e seus estados de ambivalência emocional trazem o crescimento físico desordenado e distúrbios na construção da imagem do futuro adulto, que se bem canalizados e direcionados finalizarão com bons hábitos de vida nos aspectos nutricionais e físicos, pois é nessa fase que aprendemos a observar o nosso corpo e suas necessidades. Com o adulto se conquista a temperança e todo o estilo de vida será internalizado e passado para novas gerações. Mas ainda é fase de mudanças. Iniciam-se o cuidado individual com a saúde corporal, como as mulheres com as rotinas dos periódicos ginecológicos. Dessa forma, reproduzimos o que aprendemos, cuidamos dos nossos filhos e compreendemos melhor os significados de promoção e prevenção da saúde. Cuidamos de nossos pais, que com processo de envelhecimento se tornam mais frágeis, isto se eles não forem um pai atleta como o meu, que descobriu o esporte após os 60 anos de idade. Mas você deve estar pensando, se fosse assim tão simples e fácil, por que a necessidade de controle sobre a saúde? Lembre-se sempre, cada ser humano desenvolve-se dentro de um contexto social e histórico, onde o contexto imediato normalmente é a família, sujeita às influências mais amplas das famílias ampliadas, da comunidade (vizinhança, trabalho, escola) e da sociedade (aspectos social, cultural, econômico, político). Cada qual está sujeito às diferenças sociais e econômicas de uma sociedade desigual, onde somos submetidos aos processos de informação, como exemplos de que vida saudável preveniria doenças circulatórias, sem, contudo, sermos estimulados na prática com a adoção de novos comportamentos nutricionais ou de práticas de atividades físicas. Cabe aos profissionais de saúde, elaborar estratégias compartilhadas com os usuários do serviço para que novas modalidades de percepção de saúde sejam disseminadas no cotidiano, lembrando-se que todos somos usuários dos serviços em um determinado momento e, portanto, as sua ações não podem ser apenas no campo teórico. Como profissionais da área de saúde da família, comungamos que a família tem que ser protegida para poder proteger, evitando-se que sejam sobrecarregadas com novos papéis, funções e indefinições, novas e pesadas atribuições. Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado http://www.portaleducacao.com.br/enfermagem/artigos/44550/a-importancia-da-familia-na-producao-de-saude#!3#ixzz3gB8nBlz6
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